segunda-feira, 22 de agosto de 2011


“Não confie em ninguém com mais de 30 anos” era o slogan entoado pela bela canção de Marcos e Paulo Sérgio Valle e que os adolescentes, na década de 1970, repetiam à exaustão como um verdadeiro mantra. Hoje a nova ordem é “não confie em ninguém com mais de 30 anos, que nunca tenha aplicado botox, feito lipoaspiração, colocado silicone (nos seios, lábios, bochechas, bumbum) ou que não se mate em academias para manter um corpitcho sarado”. E eu, que sempre fui meio avessa a tudo que remeta à beleza artificial ou à prática de qualquer ginástica ou esporte (sou realmente alérgica a isso, a ponto de passar mal) sinto-me na contramão da história.

Era o que me faltava: no auge dos meus 44 anos, ser relegada ao mundo dos ETs ou ao Jurassic Park! E justo agora, que me sinto mais dona de mim, que já superei tantos medos e mágoas, que entendo melhor a humanidade, que já perdoei meus pais e meus desafetos, que já não preciso pagar ao analista para saber quem eu sou. A tal maturidade bate à porta e, junto com ela, a inexorável constatação de que meu corpo – esta tão incrível máquina, resultante da fantástica arquitetura cósmica – está se desgastando.

E como se tudo isso não bastasse, ainda sou submetida a uma enxurrada de mensagens de médicos, nutricionistas, psicólogos, dermatologistas, especialistas em estética, celebridades, atrizes e modelos esqueléticas afirmando em uníssono de que é preciso tomar medidas urgentes para que a juventude não escape de vez.

Socorro!! Querem me convencer que só envelhece quem quer! E pior: querem me fazer acreditar que ficar parecida com uma múmia paralítica e inchada (que é a aparência das que já passaram dos 40 e se entopem de botox) é mil vezes melhor do que deixar a natureza seguir seu curso. Não é justo! Eu protesto!

Nenhum comentário:

Postar um comentário